A presença do Azevém junto ao Trigo acompanha o homem há muitos anos. A espécie Lolium temulentum provavelmente seja o “Joio” de que nos fala a Bíblia.
Em suas passagens, traz a “Parábola do Joio”, que diz: “O reino do céu é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, quando dormiam os homens, veio o seu inimigo e semeou Joio entre o Trigo. Quando, pois, o Trigo cresceu, apareceu também o Joio. Chegaram-se então os servos ao pai de família, e perguntaram-lhe: - Senhor, porventura não semeaste boa semente no teu campo? Donde tem, pois, o Joio? Respondeu-lhes: - Isto fez um inimigo. Perguntaram-lhe os servos: - Queres que vamos colhe-lo? Tornou ele: - Não, deixai crescer um e outro até a ceifa. E no tempo da ceifa direi aos segadores: - Colhei primeiro o Joio, e atai-o em feixes para queimar; mas o trigo recolhei-o no meu celeiro”. (S. Mateus, 13:24-30). O “joio” era temido porque produzia toxinas quando suas sementes eram moídas junto com o trigo.
Passaram-se os anos e continuamos a nos debater com essas duas espécies vegetais. O Azevém, pelo seu elevado valor nutritivo, boa produção de massa seca e palatabilidade, é uma excelente forrageira utilizada pelos pecuaristas no Sul do Brasil. Além disso, se deixado produzir sementes renovará naturalmente a pastagem no próximo ano. Essa característica positiva para o pecuarista, talvez seja a que mais afete as populações de azevém nas áreas de lavoura. O fato de deixar a planta produzir sementes aumenta as reservas no solo e as infestações futuras entre as culturas de inverno, como o trigo.
Portanto, se a infestação esta relacionada ao banco de sementes nada mais natural do que adotarmos estratégias de manejo que auxiliem na diminuição da produção de sementes. Existem trabalhos que indicam que o manejo do Azevém nos diferentes sistemas de produção antes de se reproduzir reduz sensivelmente o reabastecimento de sementes no solo (Galvan et al., 2015)*. Isso aliado ao fato de que as sementes permanecem viáveis no solo somente 2 a 3 anos, permite que sejam adotadas estratégias para diminuição do banco de sementes ao longo dos anos.
Outro aspecto importante no manejo de Azevém em área onde o trigo será semeado é acompanhar os primeiro fluxos de emergência. Nas regiões mais frias o Azevém inicia a sua emergência já com as primeiras quedas de temperatura, nos meses de março e abril. Se o trigo for semeado em junho haverá um longo período de emergência antes da semeadura da cultura. Nesse sentido, o produtor deverá ficar muito atento a este período para que a infestação não seja muito intensa e o Azevém não produza elevada quantidade de massa verde, pois pode dificultar o controle e até mesmo interferir no processo de germinativo e na emergência do Trigo.
Como indicação, o uso de coberturas vegetais, como o nabo-forrageiro, logo após a colheita da soja pode ser uma ótima alternativa, pois sombreará o solo e diminuirá o fluxo de emergência. Além de ser uma espécie na qual existe a possibilidade do uso de herbicidas graminicidas para o controle de eventuais infestações de Azevém.
As alternativas de controle químico do Azevém na cultura do Trigo, no momento, estão restritas a poucos herbicidas e que em alguns casos não estão mais possibilitando o controle pela existência de populações resistentes, principalmente aos herbicidas inibidores da ALS, como iodosulfuron e piroxsulam. Para essas populações somente será possível o controle com clodinafope-propargil, porém sua eficácia ocorre quando as plantas de Azevém estiverem no máximo na fase inicial de perfilhamento. Portanto, para que estas condições existam é necessário que se atrase o processo germinativo do Azevém, seja pelo uso da palha ou pelo uso de herbicidas em pré- emergência. Dentre estas alternativas tem-se a flumioxazina e a trifluralina.
Num futuro próximo espera-se que seja disponibilizado tanto o piroxasulfona, para pré-emergência, quanto o pinoxaden para uso seletivo em pós-emergência do Trigo.
O UP-Herb – Academia das plantas daninhas disponibilizará:
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