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Opinião

27/04/2020

Rabo-de-burro: o momento do controle é agora

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi

Nos ultimos anos tem se observado, com mais frequência, áreas com a presença de Rabo-de-burro (Andropogon bicornis e Schizachyrium microstachyum), com predominância para a S. microstachyum (ver Boletim Técnico CCGL – n. 72, em www.upherb.com.br, sessão “Biblioteca”).

A presença do Rabo-de-burro sempre foi observada em pastagens e em áreas não cultivadas, associadas a solos com características ácidas, de baixa fertilidade e compactados. A sua disseminação inicial em áreas agrícolas correu no sistema de integração lavoura-pecuária, com manejo intensivo e de pouco cobertura do solo.

A partir dessas áreas iniciais de infestação passou a ser observado também em área essencialmente agrícolas e em solos com níveis mais elevados de fertilidade. Isso ocorreu pela grande quantidade de sementes que a planta produz e por suas características de fácil dispersão pelo vento e também pelas colhedoras, no momento da colheita da soja.

O controle químico da planta adulta de Rabo-de-burro sempre foi difícil de ser conseguido, havendo indicações do uso de doses de glifosato acima de 1800 g e.a. ha -1 para obter controles acima de 80%, em plantas nos estádios iniciais de desenvolvimento. Porém, esses graus de controle são considerados baixos e insuficientes para evitar a sua competição com culturas como a soja. Outro ponto a ser salientado é que, em situações de campo, onde sua aplicação é realizada em plantas adultas, mesmo com doses superiores de glifosato, o controle não tem sido eficiente para essa espécie daninha. Associado a esse baixo controle em plantas mais desenvolvidas, o seu uso em condições adversas do ambiente dificulta ainda mais a morte da planta.

De maneira geral o agricultor opta por fazer o controle desta espécie no período da primavera, pouco tempo antes da semeadura da soja. Neste momento, o herbicida será aplicado sobre uma planta perenizada, com elevado desenvolvimento e grande acumulo de matéria seca. Associado a isso, será uma planta estressada pelas baixas temperaturas e geada ocorridas no período de inverno. Todos estes fatores colaboram para o reduzido controle obtido quando aplicado na primavera. Chama-se a atenção que nesta época do ano a aplicação de Glifosato e Graminicidas não tem resultado em controle satisfatório para essa espécie daninha, mesmo em doses elevadas e com uma aplicação sequencial de paraquate.

A outra oportunidade que se dispõe para o controle dessa espécie é no período após a colheita da soja, no outono. Nesta ocasião as plantas que sobraram na soja serão cortadas pela colhedora, eliminando por completo a massa de folhas verdes e secas existentes. Essa uniformização da planta pelo corte da colhedora estimulara o rebrote da planta, disponibilizando uma população uniforme, o que beneficiará a ação dos herbicidas. Além disso, o fato de a planta estar fisiologicamente ativa, em pleno crescimento e realocação das reservas da raiz para a parte aérea fará com que os herbicidas sistêmicos (glifosato e os graminicidas) tenham maior translocação na planta, dificultado novos rebrotes.

No manejo de Rabo-de-burro após a colheita da soja deve-se: esperar a planta rebrotar após o corte com a colhedora; aplicar antes das primeiras geadas; associar herbicidas a base de glifosato e graminicidas; avaliar a necessidade do uso de herbicidas na sequencia (Paraquate, por exemplo) e utilizar as faixas de doses superiores indicadas para cada herbicida.

Um resumo das oportunidades de manejo do Rabo- de- burro pode ser observado na Tabela 1:

Tabela 1 – Possibilidades de controle de Rabo-de-burro


 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 
 

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