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Opinião

13/01/2020

Quais os danos das plantas voluntárias de SOJA na produtividade do MILHO?

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

O sistema de sucessão das culturas de soja e milho é comumente utilizado em regiões com ampla estação de crescimento, onde as condições de temperatura e umidade são favoráveis para o desenvolvimento e produção de ambas as culturas. Atualmente, cerca de 11 milhões de hectares de milho são semeados em sucessão à soja.

A fim de aproveitar as melhores condições do ambiente para a produção, o milho é semeado logo após a colheita da soja. Nestas situações, os grãos de soja, perdidos na colheita irão germinar e emergir assim que tiverem condições de umidade adequada, o que coincidirá com o início do desenvolvimento das plantas de milho.

As plantas de soja presentes na área, junto ao milho, estabelecem a chamada “ponte verde”, ou seja, servirão como hospedeiras de pragas, como Helicoverpa armigera, ou mesmo doenças, como a ferrugem da soja. No caso de Helicoverpa armigera o ataque às plantas passa de uma lavoura para outra, multiplicando-se sem interrupção. Em detrimento da disseminação do inseto-praga reforçou-se a necessidade de eliminar essas plantas voluntárias de soja.

Além de servir como “ponte verde”, a soja voluntária afetará a produtividade do milho. Trabalhos conduzidos por Rizzardi et al. (2012) indicam que o aumento na população da soja voluntária diminuiu significativamente o rendimento de grãos do milho, com redução de 22,8% com a elevação na densidade de zero para 32 plantas de soja m -2 (Tabela 1). Estas perdas causadas pela presença da soja voluntária, associadas à necessidade da manutenção do vazio sanitário naquelas regiões onde há exigência legal do mesmo, justificam a adoção de medidas para o seu controle.

As perdas de grãos de soja estão associadas ao processo de colheita em si e também às condições de desenvolvimento da cultura. Dentre as causas que afetam o desenvolvimento da soja encontra-se, tanto o crescimento excessivo da soja, o qual leva ao acamamento da cultura, quanto às práticas que causam uma inserção da vagem muito próxima ao solo, o que dificulta a retirada completa dos grãos pela colhedora. Porém, as principais causas se relacionam às perdas associadas à má regulagem da colhedora e operação de colheita, no caso principalmente a velocidade (Foto 1).

Foto 1 – Plantas voluntárias oriundas de perdas de grãos na colheita da soja
 
Tabela 1 - Efeito de diferentes populações de soja sobre a produtividade do milho. Passo Fundo, RS

Não significativo. * Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (P> 0,05). (Rizzardi, M. A.; Koening, M. A.; Lange, M. S.; Costa, L. O. Nível de dano de soja resistente ao glifosato em milho RR. Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, XXVII, Cd.Rom...setembro 2012, Campo Grande. MS.)
 
Como alternativas químicas registradas para controle das plantas de soja tem-se:


Em relação ao momento de aplicação do herbicida no milho é importante lembrar que as plantas voluntárias de soja são mais sensíveis aos herbicidas nos estádios iniciais de desenvolvimento, ou seja, até o segundo trifólio. Essa aplicação deverá ser realizada antes que a soja interfira negativamente com a produtividade do milho, nos estádios de 2 a 3 folhas do milho.

No caso do milho, o componente do rendimento mais afetado pelo aumento da infestação é o número de grãos por espiga, seguido pelo número de espigas por planta e pelo peso de grãos. O número de grãos por espiga e o número de espigas por planta são influenciados negativamente quando as plantas daninhas infestam a cultura nas fases em que a mesma diferencia suas estruturas reprodutivas. Esses dois componentes são definidos nos estádios iniciais de desenvolvimento (2 folhas), estando totalmente diferenciados até as plantas apresentarem 11 a 12 folhas desenvolvidas.

 
Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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