Sem muito esforço se percebe que as lavouras de soja, em todo o Sul do Brasil, apresentaram, nesta safra, uma elevada infestação das diferentes espécies de Buva, mas com predominância das espécies Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis.
Para ambas as espécies existem relatos de populações resistentes aos herbicidas inibidores da EPSPS (glifosato) e aos herbicidas inibidores da ALS (clorimuron; metsulfuron; imazetapir; entre outros). Para a espécie Conyza sumatrensis existem populações com resistência múltipla aos herbicidas inibidores da EPSPS; ALS; Fotossistema I (paraquate); Protox (saflufenacil); Fotossistema II (diuron) e Auxinas (2,4-D). Portanto, como pode ser visto essas espécies com resistência tenderão a sobrar nas áreas e, ao longo do tempo, aumentarem a sua dispersão. É importante salientar que não necessariamente os biótipos de Buva existentes no Paraná são similares geneticamente aos biótipos do Rio Grande do Sul (Schneider, T. et al., 2020).
A questão que surge é se o aumento da infestação de Buva está associado a eventual introdução dos biótipos com resistência múltipla do Paraná ou mesma seleção local de biótipos resistentes, por exemplo, ao paraquate e 2,4-D, ou ainda a outras razões associadas ao manejo. Em minha opinião, as duas últimas causas são as mais prováveis.
A seleção de biótipos resistentes é um processo associado ao uso repetido de herbicidas com mesmo mecanismo de ação. Neste sentido, o uso frequente de paraquate e de 2,4-D pode ter selecionado localmente populações resistentes. Porém, no monitoramente feito por nós, na Universidade de Passo Fundo, os casos observados com essas resistências são extremamente baixos. Porém, como a Buva produz um elevado número de sementes, a sua multiplicação é rápida o que pode acelerar o processo de dispersão.
Apesar de a resistência estar presente nas diversas populações de Buva no sul do Brasil, nesta safra, especificamente as principais causas estão associadas a falhas no manejo, potencializadas pelas condições do ambiente, como o excesso hídrico no início da fase de semeadura e, posteriormente, a escassez de água ocorrida ao longo do ciclo na soja.
O excesso de chuva esteve associado à dificuldade de semeadura da soja, tanto atrasando a época de semeadura, quanto, nas áreas semeadas, afetando a emergência da soja e, por consequência, o estabelecimento de uma população adequada da cultura.
O atraso na semeadura fez com que aquelas áreas que foram manejadas adequadamente quanto à dessecação pré-semeadura tivessem que esperar um tempo demasiado entre o manejo e a semeadura. Quando esta ocorreu um novo fluxo de plantas de Buva já estava em início de estabelecimento, antes mesmo que a soja fosse semeada ou mesmo emergida. Na Figura 1 observa-se a diferença de infestação entre uma soja semeada em outubro em comparação a outra semeada em novembro.
O UP-Herb – Academia das plantas daninhas disponibilizará:
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