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Opinião

22/01/2020

Plantas daninhas: um olhar para o passado

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

Apreender com os bons exemplos do passado, esse é um dos desafios do manejo de plantas daninhas

A grande maioria dos que lerão este texto não tinha nascido no ano de 1986. Mas por que exatamente este ano?  Na metade dos anos 1980 se discutiam estratégias para viabilizar e tornar mais eficiente o sistema de semeadura direta, que tinha como grande desafio o controle de plantas daninhas. 


Figura 1 – Soja semeada em área sobre cobertura de aveia-preta e sobre pousio, em 1986, no município de Ipiranga do Sul. (Foto: Eng. –Agr. Vilson Remor) 

Naquela época, profissionais como o Eng. –Agr. Vilson Remor, dentre outros,  já se preocupavam e mostravam o quão importante era o uso de coberturas vegetais para proteger o solo e diminuir a infestação de espécies daninhas como a Buva (Figura 1). Sim, o problema da Buva não ocorreu somente após o uso repetitivo do herbicida glifosato. Nos anos 80, a sua ocorrência foi reduzida com a adoção de três práticas: dessecação eficiente; uso de herbicidas pré-emergentes e, principalmente, palha no sistema.

Passaram-se 34 anos e ainda muitos produtores não utilizam o benefício da palha, tanto isso é verdade, que no mesmo município onde seu Vilson mostrava os benefícios das coberturas, em 1986, seu sobrinho Eng. –Agr. Luciano Remor  continua a ter que mostrar esses benefícios nos anos 2000 (Figura 2).


Figura 2 – Efeito da palha de centeio na infestação de Buva. (Foto: Eng. –Agr. Luciano Remor) 

O que faz com que isso aconteça? Por que não aprendemos com as lições do passado? Por que acreditamos que somente o herbicida possa ser a solução para o controle das plantas daninhas? Por que esperamos uma solução mágica? Essas são algumas das perguntas que me ocorrem no momento, após atuar 31 anos como Agrônomo, Professor e Pesquisador.

A cobertura do solo proporcionada pela palha da cultura antecessora reduz a população de plantas daninhas a densidades relativamente baixas, diminuindo seu impacto negativo no sistema (Figura 3).


Figura 3 – Efeito da cobertura do solo na população de plantas de Buva. (Rizzardi, 2006).

A palha reduz a emergência das espécies daninhas fotoblásticas positivas, além de diminuir o crescimento, desenvolvimento e produção de sementes das espécies neutras ou insensíveis à luz para germinarem. 

O benefício do uso de coberturas vegetais não se limita ao uso das espécies no período de inverno, como: aveia-preta; ervilhaca; centeio; nabo ou trigo. A adoção de coberturas no final do verão ou no outono também é importante, principalmente em função da colheita cada vez mais precoce da soja. Nestas épocas as alternativas são o capim-sudão; milheto; trigo-mourisco, entre outras. 

Por outro lado, naquelas regiões onde ocorre restrição hídrica no período de inverno, como o centro-oeste do Brasil, a palha para cobrir o solo tem que ser produzida no final do verão ou início do outono. Nos casos onde é semeado o milho safrinha pode-se trabalhar com o cultivo consorciado com brachiária. Esse sistema permite a presença de uma abundante quantidade de palha de brachiária protegendo o solo, após a colheita do milho.

Em suma, independente da região de cultivo, a cobertura do solo nos oferece inúmeras vantagens, onde o controle de plantas daninhas é uma delas, e devemos implementá-las para tornar o sistema mais produtivo, mais sustentável, com menor impacto no ambiente e menos dependente de herbicidas.

 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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