O PIROXASULFONA (3-[5-(difluoromethoxy)-1-methyl-3-(trifluoromethyl)pyrazol-4-ylmethylsulfonyl]-4,5-dihydro-5,5- dimethyl-1,2-oxazole) + o FLUMIOXAZINA (N-(7-fluoro-3,4-dihydro-3-oxo-4-prop-2-ynyl-2H-1,4-benzoxazin-6-yl)cyclohex-1-ene-1,2-dicarboxamide) compõe o herbicida Kyojin®, disponível para uso na modalidade de pré-emergência na cultura da Milho e Soja. As principais caraterísticas podem se visualizadas nos Quadros 1 e 2.
Quadro 1 – Algumas propriedades físico-químicas do piroxasulfona
Quadro 2 – Algumas propriedades físico-químicas do flumioxazina
Uso herbicida
O herbicida Kyiojin® é composto pelo piroxasulfona (300,0 g/L) + flumioxazina (200 g/L). Herbicida seletivo, indicado para uso em pré-emergência no controle de espécies eudicotiledôneas (folhas largas) e de monocotiledôneas (Quadro 3).
Quadro 3 – Plantas daninhas controladas pela associação de piroxasulfona + flumioxazina
*Produto comercial = Kyojin® (300 g/L de piroxasulfona + 200 g/L de flumioxazina.
PIROXASULFONA
Piroxasulfona é classificado no Grupo 15 (WSSA) e no Grupo K3 (HRAC). Piroxasulfona reduz drasticamente a biossíntese dos ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFAs) e causa o acúmulo dos ácidos graxos precursores (Figura 1). O herbicida inibe especificamente a atividade das elongases, responsáveis pela incorporação dos átomos de carbono no ácido graxo.
A maioria das espécies suscetíveis não emergem devido a interrupção no crescimento do meristema apical e do coleóptilo logo após a germinação. As poáceas (gramíneas) que emergem apresentam-se retorcidas e malformadas com as folhas enroladas. Espécies de folhas largas podem ter folhas ligeiramente enrugadas devido ao encurtamento da nervura central ou ainda em formato de canoa.
A absorção ocorre pela parte aérea emergente e pelas raízes. No estágio de plântula o piroxasulfona é prontamente absorvido pelas raízes e translocado acropetalmente ao longo da planta. A translocação em plantas estabelecidas é irrelevante por ser fitotóxico somente sobre plântulas emergindo.
A sua metabolização na planta ocorre via clivagem da ligação methilenosulfonil causada pela glutationa.
Figura 1 – Inibição da rota de síntese de ácidos graxos de cadeia muito longa pelo herbicida piroxasulfona
FLUMIOXAZINA
Flumioxazina é classificada no Grupo 14 (WSSA) e no Grupo E (HRAC), mecanismo de ação “Inibidores da enzima Protoporfirinogênio Oxidase (Protox/ PPO)”. Grupo químico N-fenilftalimidas.
O herbicida flumioxazina inibe a enzima proporfirinogênio oxidase (Protox/PPO) (Figura 2). Após a inibição da Protox pelo herbicida, a protoporfirina IX é acumulada fora dos plastídios (no citoplasma) e interage com o oxigênio e a luz para formar o oxigênio singleto (O-). O protoporfirinogênio IX sai do cloroplasto quando a Protox é inibida e se acumula no citoplasma. A oxidação enzimática ocorre então no citoplasma, e a protoporfirina IX formada não é usada como substrato, nesse local, pela enzima Mg-quelatase, que se localiza nos cloroplastos, responsável pela formação da Mg-protoporfirina IX. A protoporfirina IX formada no citoplasma, sem Mg, interage com o oxigênio e a luz para formar o oxigênio singleto (0-) e iniciar o processo de peroxidação dos lipídios da plasmalema.
Figura 2 – Detalhes da rota de síntese do citocromo e da clorofila.
As plantas tratadas com flumioxazina emergem do solo e tornam-se cloróticas e morrem logo após a exposição ao sol. As folhas ao contato com o herbicida apresentam rápida necrose e dessecação.
Flumioxazina é absorvida pelas raízes e folhas tratadas. Estudos indicam que sua absorção primária é pelas raízes. Possuem baixas ou nenhuma translocação quando aplicados às folhas. Nesses órgãos sua movimentação pelo floema é reduzida devido a rápida dessecação dos tecidos ao entrarem em contato com o herbicida.
Necessitam luz para apresentar máxima atividade, sendo que no escuro apresentam baixa ação. As partes tratadas morrem em dois ou três dias. Devido à baixa translocação é necessária boa cobertura foliar.
O herbicida flumioxazina não sofre fotodegradação quando aplicada ao solo. Porém, é suscetível a fotodecomposição. Sua degradação no solo é microbiana. O herbicida é classificado com não persistente, com meia vida de 11 a 17 dias. A mobilidade no solo é reduzida devido à baixa solubilidade. No solo apresenta alta adsorção pela matéria orgânica do solo. Considerado não volátil.
Bibliografia consultada
Weed Science Society of America.
Herbicide Handbook. WSSA (Lawrence). Edição 10, 2014. 513p.