A resistência aos herbicidas já, há bastante tempo, é uma grande preocupação do manejo de plantas daninhas no mundo todo. No Brasil o número de novos casos de espécies daninhas resistentes tem aumentado significativamente nos últimos anos.
Se não bastassem esses novos casos, a complexidade da resistência tornou-se maior a partir dos relatos de resistência múltipla. Nesse tipo de resistência o biótipo da planta daninha possui um ou mais mecanismos que conferem resistência a herbicidas
com mecanismos de ação diferentes.
No Brasil, o primeiro relato de resistência múltipla foi para a espécie Euphorbia heterophylla (Leiteiro), para a qual identificou-se biótipos resistentes aos herbicidas inibidores da ALS e Protox. A partir desse primeiro caso novos relatos foram sendo publicados (Figura 1). O último o caso foi o biótipo de Amargoso resistente aos herbicidas inibidores da EPSPS e ACCase (Fope), no estado do Mato Grosso.
Figura 1 – Número de relatos de espécies com resistência múltipla no Brasil (Heap, 2021)
O aumento nos casos de resistência múltipla, por si só, é uma preocupação pela redução no número de alternativas químicas para o controle dessas espécies resistentes e, por consequência, na maior dificuldade e custo do controle.
Ao se adotar o controle químico com estratégia de controle de plantas daninhas, alguns aspectos sobre a dinâmica de populações e a possibilidade da seleção de espécies resistentes não são adequadamente previstas.
O sistema de manejo adotado e os herbicidas utilizados em uma área provocam mudanças no tipo e proporções de espécies que compõem a população do local. Isso se explica pela variabilidade genética existente na população de plantas.
Ao se utilizar um herbicida nem todas as plantas serão controladas igualmente, podendo algumas dessas escaparem do controle quando do uso de doses inadequadas. Essas plantas sobreviventes produzirão sementes e ao longo do tempo aumentarão a sua presença na área. Ou seja, plantas de baixa ocorrência na área podem se multiplicar e se tornar grave problema para o produtor. Dessa forma, o uso contínuo e repetido de uma mesmo herbicida ou de herbicidas com mesmo mecanismo de ação tornam a seleção de espécies inevitável.
No caso da resistência múltipla a necessidade de adoção criteriosa dos herbicidas é mais importante ainda, pois na maioria das situações a resistência é associada à mecanismos de resistência relacionados à metabolização dos herbicidas. Nesses casos a rotação de mecanismos de ação não será suficiente se utilizarmos herbicidas que apresentem os mesmos mecanismos de detoxificação.
Outro aspecto a ser considerado é que o grau de metabolização do herbicida pode variar em função de diferentes fatores como: doses utilizadas; estádio da planta daninha; ambiente, entre outros. O conhecimento do impacto desses fatores na regulação da resistência será de extrema importância no manejo dessa resistência múltipla.
Enquanto não temos o conhecimento necessário para rotacionarmos herbicidas com diferentes mecanismos de detoxificação devemos adotar estratégias diversas como a busca de associações sinérgicas de herbicidas e de práticas de manejo da cultura e do sistema que permitam a redução do banco de sementes de plantas daninhas no solo.
O UP-Herb – Academia das plantas daninhas disponibilizará:
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