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Opinião

23/09/2019

O desafio das plantas daninhas poáceas no Cerrado Brasileiro

Eng. –Agr., Dr. Alberto Leão de Lemos Barroso, Professor da Universidade de Rio Verde, GO e Diretor do GEPDC – Grupo de estudos em Plantas Daninhas do Cerrado

O Cerrado brasileiro, caracterizado como uma savana tropical, é o segundo maior bioma da América do Sul. Sua área, de 200 milhões de hectares, equivale à soma dos territórios da Espanha, França, Alemanha, Itália e Reino Unido. 

 

Este bioma ocupa 22% do território do Brasil e abrange 11 estados e o Distrito Federal. Ele cobre completamente GO e o DF e abrange parte considerável do TO, MS, MT, BA, MG, MA, PI, SP além de uma pequena porção de RO e PR; além dos estados do AP, AM, PA e RR. 

 

Devido a sua posição geográfica e às suas características ecológicas, o Cerrado tem importância fundamental para a sociedade brasileira, tanto em termos de biodiversidade e manutenção dos recursos naturais, em particular recursos hídricos, quanto relacionado à produção agrícola que se desenvolve no seu território. Para que se tenha uma ideia, a produção de soja do Brasil em 2019 ficou próxima dos 118 milhões de toneladas, estável na comparação com o volume recorde revisado de 2018.

 

Dentro deste contexto de área de abrangência e diversidade de ambiente e de espécies vegetais, o manejo de plantas daninhas passa a ser um grande desafio.

 

Espécies como: Capim-amargoso (Digitaira insularis), Buva (Conyza spp.), Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), Trapoeraba (Commelina benghalensis), Capim-timbete (Cenchrus echinatus), Capim-custódio (Pennisetum setosum), e Capim-colchão (Digitaira horizontalis) tem aumentado sua ocorrência nas culturas da soja e milho.

 

O manejo de pós-emergência de plantas daninhas gramíneas é dificultado devido à baixa quantidade mecanismos de ação de herbicidas registrados e pela tolerância ou resistência ao glifosato que alguns biótipos apresentam. Dentre as plantas daninhas desta classe, destacam-se o Capim-amargoso (Digitaria insularis) e o Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), que apresentam resistência ao glifosato e dispersão por praticamente toda a área produtora de grãos do Cerrado e do Brasil. 

 

Atualmente existem 253 herbicidas registrados para o controle de capim-amargoso (Agrofit, 2019). Contudo, somente quatro mecanismos de ação apresentam efeito de controle em pós-emergência (inibidores da ACCase, EPSPS, GS e carotenoides). Dentre os herbicidas comumente utilizados para o manejo, os inibidores da ACCase apresentam os melhores efeitos de controle, sendo recomendados para o manejo em aplicações sequenciais do mesmo mecanismo de ação. 

 

Para aumento dos níveis de controle, uma das estratégias é o uso de herbicidas graminicidas, como os inibidores da ACCase em mistura com glifosato, que aumenta o espectro e a eficiência de controle . Contudo, a mistura em tanque entre herbicidas pode apresentar alguns entraves, como problemas de incompatibilidade, maior tempo de preparo e doses e dosagens incorretas dos produtos, o que gera prejuízos aos agricultores. 

 

Para reduzir os problemas relacionados à mistura entre herbicidas, alguns defensivos agrícolas apresentam a associação formulada entre moléculas que apresentam efeito sinérgico quando aplicados em conjunto. Desta forma, avaliar a eficiência agronômica de novas formulações em mistura com outros herbicidas se torna importante do ponto de vista do manejo de plantas daninhas de difícil controle, como o capim-amargoso e capim-pé-de-galinha.

 

A mistura de princípios ativos inibidores da ACCase, como o cletodim + haloxifope apresenta bons resultados de controle para capim-amargoso. Para atingir melhores resultados a aplicação sequencial de glifosato se torna essencial para controle total do capim-amargoso em estádios de desenvolvimento antes do perfilhamento até com quatro perfilhos.

Para otimizar o manejo de plantas daninhas gramíneas tolerantes ou resistentes ao glifosato, agregar ao sistema de manejo herbicidas mais eficientes proporciona benefícios para toda a cadeia agrícola. 

 

Com a seleção das plantas daninhas resistentes, o manejo tornou se dificultado, sendo necessário adotar novas estratégias para o controle de plantas como o capim-amargoso (Digitaria insularis) e buva (Conyza spp.). Entre as opções de manejo, pode-se elencar a associação de herbicidas na calda de pulverização que visa o aumento do espectro de controle, prevenção da seleção de biótipos resistentes aos herbicidas utilizados e aplicações de dessecação antecipada como o manejo outonal.
 

Eng. –Agr., Dr. Alberto Leão de Lemos Barroso, Professor da Universidade de Rio Verde, GO e Diretor do GEPDC – Grupo de estudos em Plantas Daninhas do Cerrado

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