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Manejo Integrado

Manejo e Controle de plantas daninhas em milho

A cultura do milho no Brasil apresenta ampla dispersão geográfica, sendo produzido praticamente em todo o território nacional.

O milho é a principal cultura agrícola brasileira, com produção total de aproximadamente 38 milhões de toneladas. A contribuição mundial é, porém, ainda bem inferior à dos países mais produtivos, o que se deve principalmente à baixa produtividade. No Rio Grande do Sul, ocupa aproximadamente 30% das áreas semeadas com culturas de verão, com produção em torno de 5 milhões de toneladas (próximo a 14% da produção nacional).

A cultura do milho no Brasil apresenta ampla dispersão geográfica, sendo produzido praticamente em todo o território nacional. Este fato faz com que a cultura seja estabelecida em condições de ambientes e de níveis tecnológicos diversos, o que acarreta a obtenção de níveis variáveis de produtividade entre as regiões produtoras de milho. Na região Sul do Brasil, o rendimento médio de grãos de milho varia entre os estados produtores, sendo do Paraná o rendimento maior (5800 kg ha-1), seguido de Santa Catarina (4000 kg ha-1) e Rio Grande do Sul (2600 kg ha-1). Essas produtividades, principalmente no Rio Grande do Sul, estão bem abaixo do potencial da cultura e, também, dos rendimentos obtidos por agricultores que utilizam altos níveis de tecnologia.

Entre as causas da baixa produtividade da cultura destaca-se a presença de plantas daninhas infestando lavouras, reflexo tanto da ausência quanto da ineficiência do controle. Os efeitos negativos da sua presença em lavouras de milho incluem a competição que exercem por recursos limitados, aumento do custo de produção, dificuldade de colheita, depreciação da qualidade do produto, hospedagem de pragas e doenças e diminuição do valor comercial das áreas cultivadas. Estima-se que as perdas mundiais de produção de grãos de milho pela interferência de plantas daninhas são de 13% ao ano, no entanto, no Brasil estas perdas podem chegar a 85%.

INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM MILHO

As perdas de rendimento de grãos de milho devidas à interferência por plantas daninhas ocorrem tanto por competição pelos recursos do ambiente, como água, luz e nutrientes, quanto pela liberação de exudatos químicos das plantas daninhas em decomposição ou por aquelas que se desenvolvem junto com a cultura, como é o caso do azevém.  A cultura do milho, embora seja considerada competitiva, pode ser severamente afetada pela interferência de plantas daninhas, reduzindo o seu crescimento e o rendimento de grãos.

O efeito da interferência das plantas daninhas no rendimento do milho é variável e depende, entre outros fatores, da espécie de planta daninha presente e do período no qual ocorre a interferência. Em relação ao espectro de espécies daninhas, tem-se observado, nas lavouras de milho do Brasil, a ocorrência tanto de espécies dicotiledôneas, como Amaranthus spp (caruru), Cardiospermum halicacabum (balãozinho), Bidens spp (picão-preto), Euphorbia heterophylla (leiteira), Ipomoea spp (corda-de-viola), Raphanus sativus (nabiça), Richardia brasiliensis (poaia-branca) e Sida spp. (guanxuma), quanto de monocotiledôneas, como Brachiaria plantaginea (papuã), Digitaria spp (milhã), Echinochloa spp (capim arroz) e Eleusine indica (capim pé-de-galinha). De forma geral, as espécies monocotiledôneas causam maiores prejuízos ao rendimento do milho do que espécies dicotiledôneas. 

A época de início do controle de plantas daninhas tem grande influência no crescimento das plantas e no rendimento de grãos da cultura. O período em que os efeitos das plantas daninhas efetivamente causam prejuízos à cultura e durante o qual a competição não pode existir é chamado de “período crítico de competição”. Esse período, para a cultura do milho, é variável, ocorrendo na maioria das situações dos 15 até os 50 dias após a emergência. As variações no período crítico de competição são devidas ao genótipo, à época de semeadura, à disponibilidade de água e nutrientes, à época de emergência, à densidade e à  espécie de planta daninha.

A intensidade do efeito negativo causado pela interferência de plantas daninhas depende do componente do rendimento da cultura que é afetado. No caso do milho, o componente do rendimento mais afetados pelo aumento da infestação é o número de grãos por espiga, seguido pelo número de espigas por planta e pelo peso de grãos. O número de grãos por espiga e o número de espigas por planta são influenciados negativamente quando as plantas daninhas infestam a cultura nas fases em que a mesma diferencia suas estruturas reprodutivas. Esses dois componentes são definidos nos estádios iniciais de desenvolvimento (2 folhas), estando totalmente diferenciados até as plantas apresentarem 11 a 12 folhas desenvolvidas. O terceiro componente, peso de grãos, é definido no período entre a emissão dos estigmas e a maturação fisiológica, em virtude da quantidade de carboidratos acumulados no processo de fotossíntese.

A infestação de plantas daninhas também influencia no período de dias entre a emissão do pendão e a emissão da espiga do milho, afetando negativamente o processo de polinização da cultura.  O estresse causado por falta de luz fotossinteticamente ativa durante a fase vegetativa do milho atrasa a emissão do pendão e dos estigmas; já, a exteriorização dos estigmas é atrasada quando a falta de luz ocorre no período reprodutivo. Assim, o déficit luminoso prejudica a polinização em razão da defasagem no período entre a receptividade dos estigmas e a maturação dos grãos de pólen, reduzindo o número de óvulos fecundados, ou promovendo o seu abortamento e, por conseqüência, provocando a diminuição do número de grãos formados.
    
MÉTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
 
A busca de alternativas que diminuam os custos, mantendo ou melhorando a eficiência do controle de plantas daninhas, está diretamente relacionada com um sistema integrado de práticas agrícolas. Para se obter bom controle de plantas daninhas em milho, é necessário combinar múltiplas ações, como: empregar sementes certificadas, limpar completamente os equipamentos agrícolas, evitar a dispersão de sementes e integrar métodos de controle das plantas daninhas. O manejo integrado de plantas daninhas deve ser utilizado com o objetivo de racionalização do uso dos herbicidas, do ambiente e dos custos de produção.

MÉTODO CULTURAL     

Culturas implantadas com densidades de semeadura, adubação, espaçamento e cultivares adequadas a determinada condição ambiental tendem a apresentar drásticas reduções no período em que deve ser mantida livre da presença das plantas daninhas, a fim de que sua produção não seja alterada significativamente. A comunidade infestante que se instalar após esse período não terá condições de interferir de maneira expressiva na produção da cultura.

Arranjo de plantas 
Entre as práticas de manejo de plantas daninhas que objetivam a redução do uso de herbicidas podem ser destacadas o emprego de cultivares mais competitivas e modificações do arranjo de plantas do milho, como redução no espaçamento entre fileiras e aumento na densidade de plantas da cultura.

A modificação no arranjo de plantas possibilita o maior e mais rápido fechamento do solo no espaçamento mais estreito e na densidade mais elevada, o que aumenta a competição da cultura e favorece a supressão das plantas daninhas. O arranjo mais eqüidistante das plantas de milho com redução do espaçamento entre fileiras diminui o potencial de crescimento das plantas daninhas por aumentar a quantidade de luz que é interceptada pelo dossel da cultura. Porém, qualquer modificação no arranjo de plantas deve respeitar as características do ambiente e da cultivar.

A maior interceptação de luz, associada ao rápido fechamento do solo, pode permitir a melhoria da eficiência do controle das plantas daninhas com herbicidas aplicados em pré-emergência. Ou seja, os herbicidas de pré-emergência podem atuar no manejo integrado no início do ciclo da cultura, que será complementado pelo rápido e intenso fechamento do dossel proporcionado por altas populações de plantas de milho ou por reduções do seu espaçamento. 
    
Rotação de culturas
 
No controle de plantas daninhas em milho devem-se utilizar práticas conjugadas e integradas que incluam a utilização da rotação de culturas. A rotação de culturas quebra a especificidade de uma população de plantas daninhas a uma determinada cultura, prevenindo o surgimento de altas populações de certas espécies de plantas daninhas mais adaptadas a certa cultura. Além disso, a rotação de culturas propicia alternância de métodos e herbicidas usados no controle das plantas daninhas.

Culturas de cobertura 
A crescente utilização do sistema de semeadura direta está relacionada à maior dificuldade de controle de plantas daninhas e ao incremento da necessidade de herbicidas em algumas culturas. A impossibilidade de revolvimento do solo na semeadura direta implica a não-eliminação das plantas daninhas por meio da operação de preparo do solo para a semeadura. Por outro lado, a manutenção da cobertura vegetal sobre o solo no sistema de semeadura direta restringe a emergência de plantas daninhas, em comparação com o solo descoberto. Com a utilização de culturas de cobertura, procura-se aproveitar tanto os efeitos físicos quanto os alelopáticos dessas plantas, reduzindo a infestação de plantas daninhas.

No sistema de plantio direto, antes da semeadura da cultura é necessária a realização da operação de manejo, com o objetivo de controlar plantas daninhas e formar a cobertura morta na qual a cultura será semeada. O manejo mecânico pode ser realizado com roçadeiras, rolo facas ou mesmo grades niveladoras de disco destravadas. A eficiência desse método depende da época de sua realização, sendo esta normalmente mais eficiente quando realizada no estádio de florescimento pleno da cobertura vegetal e para espécies de cobertura como ervilhaca e nabo-forrageiro.

No manejo químico, os herbicidas a base de glyphosate são os mais utilizados, entretanto, apesar da grande eficácia para as gramíneas, nas doses normais, são pouco eficientes para várias espécies dicotiledôneas, especialmente nas fases mais avançadas do desenvolvimento da planta daninha. Assim, a mistura desses herbicidas com latifolicidas tem proporcionado, nessas situações, o controle de maior número de espécies daninhas. 

MÉTODO QUÍMICO     

O controle químico é uma forma eficiente de controle de plantas daninhas. Entretanto, se usado inadequadamente e de forma isolada, pode aumentar o custo de produção. Os herbicidas utilizados na cultura do milho podem ser aplicados em diferentes épocas. 

Aplicação em pré-semeadura
Esta aplicação consiste na eliminação de plantas daninhas antes da semeadura da cultura, utilizando-se herbicidas de contato ou sistêmicos (Tabela 1). O período entre a aplicação do herbicida e a semeadura da cultura varia em função de características do herbicida, da dose utilizada, da cobertura vegetal antecessora, da textura do solo e das condições ambientais. 

É importante lembrar que as plantas daninhas interferem no desenvolvimento das plantas de milho com intensidade variável em função da época de ocorrência, da população e das espécies presentes. A ocorrência de elevada população de plantas daninhas no início do desenvolvimento da cultura pode proporcionar perdas acentuadas na produtividade se o controle não for adequado e realizado nesta mesma época. Essa situação é freqüentemente observada quando a dessecação no sistema de plantio direto é realizada alguns dias antes da semeadura. Nesses casos, quando a cultura emerge, as plantas daninhas estão em estádios mais avançados de desenvolvimento, e, assim, a população destas plantas irá determinar a época  em que o controle deve ser iniciado.

Nas aplicações de pré-semeadura, podem-se, em determinadas situações, utilizar herbicidas dessecantes em mistura com residuais. Essa prática pode ser vantajosa uma vez que, numa única operação, faz-se a dessecação da cultura de inverno que vai ser utilizada como cobertura morta e também a aplicação do herbicida residual ou pré-emergente, que terá o papel de manter a cultura de verão no limpo durante parte do seu ciclo.
 
Aplicação em pré-emergência     
Nesta modalidade de aplicação, os herbicidas são aplicados após a semeadura do milho, sendo indicados para serem utilizados na cultura os descritos na Tabela 2. Dentre esses herbicidas, a grande maioria pertence aos grupos químicos das triazinas e das amidas.

Herbicidas do grupo químico das triazinas (ametryne, atrazine, cyanazine e simazine) são utilizados na cultura do milho sobretudo para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas. São herbicidas que influenciam na fotossíntese, por meio dos quais a atividade do fotossistema II é inibida pelo fato de ocorrer a substituição da ligação da plastoquinona com a quinona b (Qb). Estudos mostraram que as triazinas substituem a forma oxidada da plastoquinona e ocupam o local de ligação específico no aceptor Qb na proteína D1. Desse modo, como a molécula do herbicida está reduzida, não estando apta a receber elétrons, sua ligação bloqueia efetivamente o fluxo de elétrons, inibindo a fotossíntese. Em plantas sensíveis a esses herbicidas, há a germinação das sementes; porém, quando as plântulas emergem do solo e recebem luz são desencadeadas as reações descritas anteriormente, que levarão à morte da plântula.

Com a finalidade de ampliação do espectro de controle, herbicidas do grupo das triazinas têm sido misturados com herbicidas como metolachlor, alachlor, simazine, dentre outros (Tabela 2). Esses produtos proporcionam controle eficiente da maioria das espécies infestantes e apresentam seletividade para o milho. Triazinas também são empregadas em pós-emergência precoce, destacando-se atrazine, que proporciona bons níveis de controle de plantas daninhas dicotiledôneas.

Herbicidas do grupo químico das amidas (acetochlor, alachlor, dimethenamid e metolachlor) possuem mecanismo de ação associado à inibição da parte aérea das plantas. São absorvidos durante o processo germinativo das sementes das plantas daninhas, interferem em diversos processos bioquímicos da plântula e inibem a divisão celular; controlam grande número de espécies mono e dicotiledôneas. São herbicidas que apresentam amplo perfil de compatibilidade com herbicidas à base de atrazine, cuja combinação dos dois ingredientes ativos oferece um tratamento em pré-emergência bastante eficiente para o controle de uma ampla gama de plantas daninhas dicotiledôneas.

O herbicida isoxaflutole  atua inibindo a síntese de carotenos. Em presença de umidade no solo, é hidrolisado no principal metabólito diketonitrile (DKN), o qual possui ação herbicida, que impede a biossíntese de pigmentos carotenóides. Mais especificamente, o DKN inibe a enzima 4-HP dioxygenase (hydroxyphenylpyruvate dioxygenase), responsável pela biossíntese da quinona. A quinona é um co-fator-chave para dois processos: a síntese de pigmentos carotenóides e o transporte de elétrons, associado à fotossíntese. A inibição da 4-HP dioxygenase interrompe a biossíntese da quinona, que, por sua vez, inibe a biossíntese de pigmentos carotenóides. Isso resulta na fotooxidação dos pigmentos clorofilados e na morte dos cloroplastos, causando, por conseqüência, a morte das plantas sensíveis.

O controle das plantas sensíveis poderá ser observado pela não- emergência das plantas daninhas, ou pela emergência de plântulas com sintomas de branqueamento das folhas, com posterior morte das plantas. Os sintomas de branqueamento aparecem, inicialmente, nas bordas e nas pontas das folhas e são mais evidentes em folhas novas. Isoxaflutole tem atividade e absorção foliar principalmente quando misturado com adjuvantes à base de óleo vegetal, podendo ser aplicado antes da semeadura para controlar algumas gramíneas existentes, apresentando efeito residual para controlar as plantas que germinarem no início do ciclo do milho. Seu espectro de controle é melhorado quando é misturado com herbicidas com  atrazine.

Os herbicidas aspergidos em pré-emergência na cultura do milho apresentam comportamento diferenciado no solo e nas plantas daninhas, e, em situações de reduzida umidade e alta quantidade de palha, possibilitam o surgimento de plantas daninhas ainda durante o período crítico para prevenção da interferência. Esses herbicidas podem ter eficiência comprometida em razão, também, das variações de textura, das características químicas e dos níveis de cobertura do solo com resíduos vegetais. 

No sistema de semeadura direta, ocorre maior acúmulo de palha na superfície do solo, podendo afetar o comportamento de herbicidas aplicados em pré-emergência, os quais são aplicados sobre a palha ficando mais expostos à radiação solar, às altas temperaturas e à adsorção nos resíduos vegetais. Alguns produtos, como atrazine, possuem boas perspectivas de uso em pré-emergência sobre palhadas, uma vez que são facilmente lixiviados para o solo com chuvas que ocorram logo após a aplicação. Outros produtos pertencentes ao grupo das amidas possuem problemas de retenção na palha, quando utilizados em pré-emergência em plantio direto.

O desempenho de herbicidas aplicados ao solo para o controle de plantas daninhas em milho não é homogêneo em diferentes ambientes, estando alguns herbicidas mais sujeitos que outros a esse efeito do ambiente. As alterações da quantidade de água na interação herbicida-solo-palha nos primeiros dias após a aplicação dos herbicidas amidas podem ser responsáveis pela maior variação dos efeitos destes herbicidas em relação a outros aplicados ao solo, como isoxaflutole. 

Acetochlor tem sido mais eficaz do que metolachlor no controle de gramíneas quando aplicado sobre a palha no sistema de semeadura direta e sem chuva após a aplicação, indicando que acetochlor é mais estável nessas condições. Quando ocorre chuva logo após a aplicação, metolachlor é mais eficaz do que acetochlor e alachlor. Isso indica que a chuva remove os herbicidas da palha levando-os até o solo, onde metolachlor é dissipado mais lentamente, por ter estrutura química mais estável e maior adsorção aos colóides orgânicos e minerais do solo, resultando em maior persistência e controle das plantas daninhas.

Aplicação em pós-emergência 
Esta aplicação é realizada quando as plantas daninhas e a cultura se encontram emergidas. A relação dos herbicidas indicados para uso em pós-emergência encontra-se na Tabela 2. Alguns herbicidas recomendados para serem aplicados em pré-emergência, como as triazinas, também podem ser aplicados em pós. Esse é o caso, por exemplo, da aplicação de cyanazine + simazine, que, no período de desenvolvimento de quatro folhas da cultura, além de proporcionar um bom controle das plantas daninhas, não prejudica o desenvolvimento do milho.

Com o registro de herbicidas do grupo químico das sulfoniluréias (nicosulfuron e foransulfuron + iodosulfuron) no Brasil, abriram-se novas perspectivas para o controle de plantas daninhas na cultura do milho. Herbicidas sulfoniluréias inibem a acetolactato sintase (ALS), impedindo a síntese de aminoácidos essenciais, como valina, leucina e isoleucina. O sintoma típico de fitotoxicidade ocasionada pela aplicação de nicosulfuron consiste em descoloração da porção mediana da lâmina das folhas centrais da planta, que se encontram em fase de expansão no momento da aplicação, sendo esse sintoma mais expressivo até sete dias após a aplicação do produto. A seletividade da cultura do milho ao nicosulfuron deve-se à capacidade do milho em metabolizar o produto em compostos não ativos. Cultivares tolerantes parecem metabolizar herbicidas sulfoniluréias mais rapidamente. A partir da existência de tolerância diferencial de híbridos de milho ao nicosulfuron, a sua utilização deve ser restrita a determinados cultivares que tolerem o produto.

A agricultura moderna está utilizando recursos de biotecnologia para proteger e aumentar a produção agrícola. O recente desenvolvimento e comercialização de híbridos de milho que são resistentes a herbicidas do grupo químico das imidazolinonas (inididores da ALS) introduz novas oportunidades de controle em pós-emergência de espécies daninhas na cultura do milho, além de possibilitar a utilização alternada de herbicidas com mecanismos de ação diferentes. Linhagens de milho tolerantes aos herbicidas imidazolinonas possuem maior habilidade em metabolizar esse tipo de herbicida. Relatos indicam que linhagens tolerantes metabolizam rapidamente o herbicida, mesmo quando doses de imazethapyr são aplicadas em quatro vezes a sua dose normal. Deve ser enfatizado que herbicidas imidazolinonas não podem ser utilizados universalmente em todos os genótipos de milho, mas apenas naqueles que sejam tolerantes.

Outra alternativa de herbicida em pós-emergência disponibilizada recentemente é o carfentrazone.  O herbicida carfentrazone pode ser utilizado para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas; é um herbicida que inibe a síntese da protoporfirinogênio-oxidase (PROTOX), enzima comum na biossíntese de ambos heme e clorofila. A inibição da PROTOX causa acumulação de protoporfirina IX (Proto IX). Quando a PROTOX do plastídio é inibida pelo herbicida, a proto IX é exportada para fora do plastídio, acumulando-se na membrana plasmática ou extraplastídica. Em presença de luz e oxigênio, a proto IX gera oxigênio singleto, causando peroxidação dos lipídios das membranas e, por conseqüência, morte das células e da planta. 

O alto grau de tecnificação alcançado na cultura do milho nas principais regiões produtoras do Brasil tem levado à utilização de herbicidas de pós-emergência, alguns deles de elevado grau de seletividade à cultura, e de controle sobre ampla faixa de espécies infestantes de gramíneas e dicotiledôneas. Na cultura do milho, herbicidas aplicados em pós-emergência estão sendo adotados pelos agricultores por oferecerem vantagens em relação aos herbicidas pré-emergentes, tais como: permitem escolher o herbicida em função das plantas daninhas presentes na área; independem do preparo e textura do solo, teor de argila e matéria orgânica.

Entretanto, o herbicida aplicado em pós-emergência deverá ser adequadamente absorvido pelas plantas daninhas para que o controle das mesmas seja eficaz. A eficiência dos herbicidas aplicados em pós-emergência  está condicionada, sobretudo, às condições climáticas no momento da aplicação e ao estádio de desenvolvimento das plantas daninhas.

A interação planta-herbicida poderá ser afetada pelo produto, formulação, dose, técnicas de aplicação, além de fatores ambientais e condições biológicas das plantas. Dentre os fatores ambientais destacam-se a umidade relativa do ar, temperatura, intensidade luminosa, ventos, chuvas e orvalho. A umidade relativa do ar tem grande influência na eficiência de muitos herbicidas aplicados em pós-emergência, pois, quanto maior for a umidade relativa, menor será a quantidade de cera sobre a superfície foliar e menor será a resistência à penetração do produto químico; e também mais rápido será o transporte dos herbicidas.    

As condições ambientais e a qualidade da aplicação têm demonstrado grande importância na obtenção de níveis adequados de controle de plantas daninhas. As plantas sob condições de estresse hídrico (umidade relativa do ar < que 55%) aumentam a concentração de ceras na superfície externa da folha, dificultando a absorção de herbicidas aspergidos e diminuindo a eficiência no controle das plantas daninhas. Além disso, a associação de umidade relativa do ar baixa e temperatura alta diminui a quantidade de herbicida que atinge a planta daninha.

Nas pulverizações terrestres, a redução do volume de calda (inferior a 80 L ha-1) pode ser adotada, porém devem ser considerados aspectos associados tanto ao ambiente quanto à tecnologia de aplicação. Devem ser evitadas aplicações em horários do dia associados à baixa umidade relativa do ar, alta temperatura e ocorrência de ventos. Além disso, essas aplicações de baixo volume devem ser associadas à utilização de pontas (bicos) apropriadas para este volume de calda e pressão de aplicação na faixa de 15 a 20 lbs pol-2, originando, assim, gotas com maior diâmetro médio.

Aplicação em jato dirigido 
A aplicação dirigida de herbicidas pode ser realizada quando ocorrerem falhas de aplicação ou de funcionamento do herbicida ou, mesmo, em estratégias de controle seqüencial das plantas daninhas. As aplicações seqüenciais podem possibilitar melhores resultados por proporcionarem, por meio da primeira aplicação, o controle no início do período de competição, ao passo que a segunda aplicação possibilita o controle das plantas não afetadas inicialmente e também daquelas que emergiram após a primeira aplicação.

A aplicação dirigida ou na entrelinha do milho é realizada quando o milho está com cerca de 50 a 80 cm de altura, procurando-se atingir apenas a entrelinha da cultura. Adaptações, como a colocação de pingentes para aproximar os bicos do solo e a pulverização atingir apenas a área da entrelinha, a troca para pontas que trabalham com pressões baixas (15 a 20 lbs pol-2), evitam a deriva. Nesta aplicação, são utilizados produtos não seletivos de ação de contato de forma dirigida (Tabela 2).

O uso de paraquat, em jato dirigido, nas entrelinhas do milho é uma prática que vem sendo utilizada em diversas regiões, sem interferir negativamente no desenvolvimento da cultura. Essa prática minimiza possíveis interferências de plantas daninhas que escaparam ao controle dos herbicidas aplicados em pré-emergência ou aquelas que emergiram após a aplicação de herbicidas de pós-emergência. Além disso, é uma estratégia eficiente na redução no banco de sementes de plantas daninhas e no manejo de biótipos de plantas resistentes a herbicidas. 

Na aplicação dirigida, apesar de as folhas baixeiras serem pulverizadas diretamente, ocasionando, com isso, sintomas visuais de necrose e perda de área foliar verde, as plantas de milho são capazes de compensar essa perda e, ainda, de alcançar um bom rendimento de grãos, através da redistribuição de carboidratos acumulados na planta.

Tabela 1 – Herbicidas utilizados em pré-semeadura para controle de plantas daninhas na cultura do milho

1DAS = dias antes da semeadura da cultura.
2Na aplicação de 2,4-D éster deve-se tomar cuidado através da tecnologia de aplicação, evitando-se deriva e volatilização à culturas sensíveis.

Tabela 2 – Herbicidas utilizados para o controle de plantas daninhas na cultura do milho

1 Pré = pré-emergência   Pós = pós-emergência.
2 Existe variação no grau de tolerância entre cultivares de milho.



Autores:
Eng. – Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi (Universidade de Passo Fundo)
Eng. –Agr. PhD Antônio Alberto da Silva (Universidade Federal de Viçosa)
Eng. –Agr. PhD Décio Karan (Pesquisador da Embrapa Milho e S0rgo)








 

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