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Opinião

24/08/2020

Manejo de plantas daninhas após a colheita da Canola

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

A Canola é uma cultura de inverno utilizada no Sul do Brasil com o objetivo de produzir óleo para consumo humano e para a produção de biocombustível. A área aproximada é de cerca de 40 mil hectares distribuídos nas regiões das Missões e Planalto do Rio Grande do Sul.

Por ser uma cultura de menor expressão, as tecnologias disponíveis para a mesma não são adotadas ou existem em menor quantidade. Esse é o caso do manejo de plantas daninhas dentro da cultura, onde as alternativas químicas para o controle das mesmas é muito reduzido, restringindo-se aos herbicidas inibidores da ACCase, para o controle das espécies gramíneas. Para as eudicotiledônes a alternativa existente é o herbicida imazamoxi, para uso em cultivares Clearfield, as quais são tolerantes a este ingrediente ativo.

Em muitas situações de campo, uma das espécies daninhas que se desenvolvem dentro da cultura é a Buva. O seu controle com o herbicida imazamoxi muitas vezes é reduzido pela aplicação fora de estádio e, também, pela existência de biótipos resistentes aos herbicidas inibidores da ALS, como o caso do imazamoxi. Essas falhas de controle, associadas  à reduzida cobertura do solo propiciada pela cultura, faz com que a população da Buva seja alta no momento da colheita da Canola (Figura 1).





Figura 1 – Ocorrência de Buva em áreas semeadas com Canola

As plantas de Buva presentes maiores serão cortadas por ocasião da colheita, enquanto as menores não serão afetadas pela colhedora. Essa população de plantas deverá ser controlada para que não haja efeito negativo sobre a cultura semeada na sequência, no caso a soja.

Para a semeadura da soja, nessas situações,  é fundamental o manejo antecipado da área, ou seja, 15 a 20 dias antes da semeadura aplicar glifosato associado a 2,4-D e, próximo à semeadura da soja complementar o controle com o uso de herbicidas de contato, como diquate; glufosato de amônio ou saflufenacil, isolados ou mesmo associado a herbicida de efeito residual ,ou mesmo a outro que complemente o controle. No caso do uso do dicamba, o intervalo entre a aplicação e a semeadura da soja deve ser de no mínimo 30 dias.

A dificuldade de controle da Buva na resteva da Canola é maior para aquelas plantas que foram cortadas por ocasião da colheita. Na maioria das vezes, as plantas cortadas ficam com reduzida área foliar o que diminui a absorção dos herbicidas. Nessas condições o ideal é esperar o rebrote das plantas de Buva, para somente após aplicar o herbicida, o que pode atrasar a semeadura da soja. Para que isso não aconteça uma alternativa é elevar a altura de corte colhedora, deixando assim maior área foliar nas plantas daninhas. 

Outro ponto a ser considerado na semeadura da soja após a colheita da Canola é o seu efeito alelopático. Ou seja, palha da cultura, quando em decomposição, libera compostos químicos que podem inibir a germinação ou reduzir o desenvolvimento inicial de espécies vegetais existentes na área. Isso pode ser positivo quando ocorrer inibição de novas espécies daninhas na área, como Picão-preto. Porém, será prejudicial se interferir negativamente na emergência e o desenvolvimento da soja. 

Os resultados de pesquisa indicam a necessidade de um intervalo de pelo menos 30 dias entre a colheita da Canola e a semeadura da soja.     

Essa espera de 30 dias após a colheita  é garantia do estabelecimento uniforme e vigoroso da cultura, além de ser o tempo necessário para o adequado manejo das plantas daninhas na dessecação pré-semeadura da soja.

 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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