As estratégias de controle de plantas daninhas vêm sofrendo uma série de mudanças nos últimos anos. O crescente número de espécies daninhas com resistência aos principais herbicidas utilizados em pós-emergência faz com que, tanto a pesquisa quanto os agricultores, foquem no uso de herbicidas com distintos mecanismos de ação e com modalidades diferentes de aplicação, como o uso de herbicidas em pré- emergência.
Na aplicação em pré-emergência os herbicidas são pulverizados após a semeadura do milho e antes da emergência da cultura e das plantas daninhas. Dentre esses herbicidas destacam-se atrazina; isoxaflutole + tiencarbazona-metilica; piroxasulfona + flumioxazina e s-metolacloro.
Herbicidas do grupo químico das triazinas, como atrazina, são utilizados na cultura do milho sobretudo para o controle de plantas daninhas eudicotiledôneas. São herbicidas que influenciam na fotossíntese, por meio dos quais a atividade do fotossistema II é inibida pelo fato de ocorrer a substituição da ligação da plastoquinona com a quinona b (Q b ). Em plantas sensíveis a esses herbicidas, há a germinação das sementes; porém, quando as plântulas emergem do solo e recebem luz são desencadeadas as reações descritas anteriormente, que levarão à morte da plântula.
Herbicidas como s-metolacloro e piroxasulfona possuem mecanismo de ação associado à inibição dos ácidos graxos de cadeia muito longa. São absorvidos durante o processo germinativo das sementes das plantas daninhas, interferem em diversos processos bioquímicos da plântula e inibem a divisão celular. Controlam grande número de espécies mono e dicotiledôneas.
São herbicidas que apresentam amplo perfil de compatibilidade com herbicidas à base de atrazina e flumioxazina, cuja combinação oferece um tratamento em pré- emergência bastante eficiente para o controle de uma ampla gama de plantas daninhas dicotiledôneas.
O herbicida isoxaflutole atua inibindo a síntese de carotenos. Em presença de umidade no solo, é hidrolisado no principal metabólito diketonitrile (DKN), o qual possui ação herbicida, que impede a biossíntese de pigmentos carotenoides. Mais especificamente, o DKN inibe a enzima 4-HP dioxygenase (hydroxyphenylpyruvate dioxygenase), responsável pela biossíntese da quinona. A quinona é um co-fator-chave para dois processos: a síntese de pigmentos carotenóides e o transporte de elétrons, associado à fotossíntese. A inibição da 4-HP dioxygenase interrompe a biossíntese da quinona, que, por sua vez, inibe a biossíntese de pigmentos carotenóides. Isso resulta na fotooxidação dos pigmentos clorofilados e na morte dos cloroplastos, causando, por consequência, a morte das plantas sensíveis.
O controle das plantas sensíveis poderá ser observado pela não- emergência das plantas daninhas, ou pela emergência de plântulas com sintomas de branqueamento das folhas, com posterior morte das plantas. Os sintomas de branqueamento aparecem, inicialmente, nas bordas e nas pontas das folhas e são mais evidentes em folhas novas. Seu espectro de controle é ampliado quando à tiencarbazona-metilica (inibidor da ALS). Entre as espécies controladas pela associação de isoxaflutole + tiencarbazo-metilica destacam-se: Buva; Capim-amargoso; Capim- carrapicho; Capim-colchão (Milhã); Capim-marmelada (Papuã); Capim-pé-de-galinha; Caruru; Leiteiro; Nabiça; Picão-preto e Trapoeraba.
Os herbicidas aspergidos em pré-emergência na cultura do milho apresentam comportamento diferenciado no solo e nas plantas daninhas, e, em situações de reduzida umidade e alta quantidade de palha, possibilitam o surgimento de plantas daninhas ainda durante o período crítico para prevenção da interferência. Esses herbicidas podem ter eficiência comprometida em razão, também, das variações de textura, das características químicas e dos níveis de cobertura do solo com resíduos vegetais.
No sistema de semeadura direta, ocorre maior acúmulo de palha na superfície do solo, afeta o comportamento de herbicidas aplicados em pré-emergência, os quais são aplicados sobre a palha ficando mais expostos à radiação solar, às altas temperaturas e à adsorção nos resíduos vegetais. Alguns produtos, como atrazina, possuem boas perspectivas de uso em pré-emergência sobre palhadas, uma vez que são facilmente lixiviados para o solo com chuvas que ocorram logo após a aplicação. Outros produtos inibidores de ácidos graxos de cadeia muito longa possuem problemas de retenção na palha, quando utilizados em pré-emergência em plantio direto.
O desempenho de herbicidas aplicados ao solo para o controle de plantas daninhas em milho não é homogêneo em diferentes ambientes, estando alguns herbicidas mais sujeitos que outros a esse efeito do ambiente. As alterações da quantidade de água na interação herbicida-solo-palha nos primeiros dias após a aplicação dos herbicidas s-metolacloro e piroxasulfona podem ser responsáveis pela maior variação dos efeitos destes herbicidas em relação a outros aplicados ao solo, como isoxaflutole.
O UP-Herb – Academia das plantas daninhas disponibilizará:
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