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Pesquisa

Manejo Químico

FLUMIOXAZINA + S-METOLACLORO

Eng. -Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

O FLUMIOXAZINA (N-(7-fluoro-3,4-dihydro-3-oxo-4-prop-2-ynyl-2H-1,4-benzoxazin-6-yl)cyclohex-1-ene-1,2-dicarboxamide)  e o S-METOLACLORO (2-chloro-6’-ethyl-N-[(1S)-2-methoxy-1-methylethyl]acet-o-toluidide and 20-0% 2-chloro-6’- ethyl-N-[(1R)-2-methoxy-1-methylethyl]acet-o-toluidide) compõe o herbicida Apresa®, disponível para uso na modalidade de pré-emergência na cultura da Soja. As principais caraterísticas podem se visualizadas nos Quadros 1 e 2.



Quadro 1 – Algumas propriedades físico-químicas do flumioxazina




Quadro 2 – Algumas propriedades físico-químicas do S-metolacloro


Uso herbicida

    O herbicida Apresa é composto pelo flumioxazina (42,0 g/L) + s-metolacloro (840 g/l). Herbicida seletivo, indicado para uso em pré-emergência no controle de
espécies eudicotiledôneas (folhas largas) e de monocotiledôneas (Quadro 3). 

Quadro 3 – Plantas daninhas controladas pela associação de flumioxazina + s-metolacloro


*Produto comercial = Apresa® (42 g/L de flumioxazina + 840 g/L de s-metolacloro)
**Utilizar a dose de 1,25 L/ha em solos classificados como de textura média e 1,50 L/ha em solos classificados como de textura argilosa.


FLUMIOXAZINA

Flumioxazina é classificada no Grupo 14 (WSSA) e no Grupo E (HRAC), mecanismo de ação “Inibidores da enzima Protoporfirinogênio Oxidase (Protox/ PPO)”. Grupo químico N-fenilftalimidas.

O herbicida flumioxazina inibe a enzima proporfirinogênio oxidase (Protox/PPO) (Figura 1). Após a inibição da Protox pelo herbicida, a protoporfirina IX é acumulada fora dos plastídios (no citoplasma) e interage com o oxigênio e a luz para formar o oxigênio singleto (O-). O protoporfirinogênio IX sai do cloroplasto quando a Protox é inibida e se acumula no citoplasma. A oxidação enzimática ocorre então no citoplasma, e a protoporfirina IX formada não é usada como substrato, nesse local, pela enzima Mg-quelatase, que se localiza nos  cloroplastos, responsável pela formação da Mg-protoporfirina IX. A protoporfirina IX formada no citoplasma, sem Mg, interage com o oxigênio e a luz para formar o oxigênio singleto (0-) e iniciar o processo de peroxidação dos lipídios da plasmalema.


Figura 1 – Detalhes da rota de síntese do citocromo e da clorofila.

As plantas tratadas com flumioxazina emergem do solo e tornam-se cloróticas e morrem logo após a exposição ao sol. As folhas ao contato com o herbicida apresentam rápida necrose e dessecação.

Flumioxazina é absorvida pelas raízes e folhas tratadas. Estudos indicam que sua absorção primária é pelas raízes. Possuem baixas ou nenhuma translocação quando aplicados às folhas. Nesses órgãos sua movimentação pelo floema é reduzida devido a rápida dessecação dos tecidos ao entrarem em contato com o herbicida.

Necessitam luz para apresentar máxima atividade, sendo que no escuro apresentam baixa ação. As partes tratadas morrem em dois ou três dias. Devido à baixa translocação é necessária boa cobertura foliar.

O herbicida flumioxazina não sofre fotodegradação quando aplicada ao solo. Porém, é suscetível a fotodecomposição. Sua degradação no solo é microbiana. O herbicida é classificado com não persistente, com meia vida de 11 a 17 dias. A mobilidade no solo é reduzida devido à baixa solubilidade. No solo apresenta alta adsorção pela matéria orgânica do solo. Considerado não volátil.

S-METOLACLORO

S-metolacloro é derivado da catalise do metolacloro e possui características físicas e químicas similares ao metolacloro, porém é mais ativo na sua ação em plantas suscetíveis. 

S-metolacloro é classificado no Grupo 15 (WSSA) e no Grupo K3 (HRAC). É um herbicida do grupo químico das cloroacetoanilidas, que reduz drasticamente a biossíntese dos ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFAs) e causa o acúmulo dos ácidos graxos precursores (Figura 2). O herbicida inibe especificamente a atividade das elongases, responsáveis pela incorporação dos átomos de carbono no ácido graxo.

A maioria das espécies suscetíveis não emergem devido a interrupção no crescimento do meristema apical e do coleóptilo logo após a germinação. As poáceas (gramíneas) que emergem apresentam-se retorcidas e malformadas com as folhas enroladas. Espécies de folhas largas podem ter folhas ligeiramente enrugadas devido ao encurtamento da nervura central ou ainda em formato de canoa.

A absorção ocorre pela parte aérea emergente, especialmente nos coleóptilos das gramíneas. Alguma absorção também ocorre pelas raízes. No estágio de plântula pode ser absorvido pelas raízes e translocado para a parte aérea. S-metolacloro é fitotóxico somente para plantas daninhas em fase de emergência.

O herbicida é detoxificado pela clivagem do metileter seguido pela conjugação com glicose. Também é detoxificado pela conjugação do grupo cloroacetil com glutationa. 

No solo é moderadamente adsorvido. A fotodegradação é a principal causa da dissipação do herbicida no campo, principalmente sob condições prolongadas de falta de chuva. A sua degradação é microbiológica,  Sua lixiviação no solo é praticamente insignificante para solos com mais de 2% de matéria orgânica.  


Figura 2 – Inibição da rota de síntese de ácidos graxos de cadeia muito longa pelo herbicida s-metolacloro 


Bibliografia consultada
Weed Science Society of America. Herbicide Handbook. WSSA (Lawrence). Edição 10, 2014. 513p.

 

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