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Pesquisa

Biologia, Ecologia e Fisiologia

Disseminação das sementes de plantas daninhas

(Texto extraído da Apostila “Princípios do Controle de Plantas Daninhas”, organizada pelo Ph.D. Nilson Gilberto Fleck – Faculdade de Agronomia - UFRGS)

As sementes de plantas daninhas são particularmente bem adaptadas para a dispersão, estando completas com embrião, reserva alimentar e camadas externas de proteção, podendo então tolerar altas temperaturas, frio, ressecamento e, frequentemente, imersão em água por longos períodos. A disseminação depende, principalmente, da estrutura e do peso das sementes e das condições ambientais do local de crescimento da planta-mãe.

Agentes de disseminação:

1. Naturais:

- Vento
(anemocoria): é o meio natural mais comum de dispersão. Algumas sementes apresentam estruturas especiais para disseminação, outras são tão diminutas e leves que são facilmente carregadas pelo vento, como, por exemplo, as sementes de dente-de-leão (Taraxacum spp.).

- Água (hidrocória): muitas sementes podem ser arrastadas pela água de correntes e inundações sem que possuam, necessariamente, estruturas especiais. Outras, porém, são disseminadas por possuírem unidades de dispersão flutuantes como, por exemplo, a língua-de-vaca (Rumex spp.).

- Animais (zoocoria): os animais são considerados agentes eficientes de disseminação das plantas daninhas à curta e média distâncias. Eles podem carregar as sementes internamente (zoocoria endozóica), através da passagem pelo trato digestivo, ou externamente (zoocoria epizóica), quando as sementes se aderem aos pêlos, lã, penas, patas ou ao solo a elas aderido. Uma espécie bastante disseminada pelos animais é o carrapichão ( Xanthium strumarium).

- Deiscência explosiva (bolocoria): este tipo de disseminação ocorre quando o fruto apresenta estrutura capaz de lançar a semente longe da planta-mãe, como, por exemplo, na mamona (Ricinus communis).

- Gravidade (borocoria): as sementes simplesmente caem da planta-mãe, permanecendo próximas da mesma. Exemplo: caruru (Amaranthus spp.).

2. Artificiais:

- Homem
(antropocoria): o homem pode transportar sementes quando estas se aderem em sua indumentária, solo aderido ao calçado, etc.

Figura 1 – Sementes de Bidens pilosa aderidas na roupa (Foto - Rizzardi, M.A.)

- Veículos e equipamentos: as sementes podem ser transportadas por tratores, colhedoras, enfardadoras, grades e arados, dentre outros equipamentos.

- Sementes cultivadas: é muito comum o uso de sementes de plantas cultivadas infestadas com dissemínulos de plantas daninhas. A utilização de sementes fiscalizadas e/ou certificadas tem diminuído este meio de disseminação. Da mesma forma, tem ocorrido o transporte de plantas com objetivos de ornamentação que, escapando ao controle, podem disseminar-se nas áreas de cultivo.

Adaptações para disseminação

As sementes de plantas daninhas apresentam diversas adaptações que garantem sua disseminação. A semente disseminada pelo vento tem a sua distribuição facilitada por modificações estruturais de suas sementes e frutos, especialmente nas espécies pertencente à família das compostas. Estas modificações podem ser diversos tipos: bolsas ou sacos, asas, pêlos, plumas, pára-quedas.

Figura 2 - Conyza spp. Foto - Gassen, D.N.      Figura 3 - Andropogon bicornis. Foto - Rizzardi, M.A.
 

Os frutos com bolsas ou sacos não são comuns nas ervas daninhas, sendo esta modificação pouco eficaz na disseminação. Já os frutos e sementes dotados de asas são comuns na família Apiaceae (Umbelliferae). As sementes pilosas estão cobertas de pêlos sedosos ou de prolongações capilares ou cerdas, sendo comuns na família Apocyanaceae.

Os frutos com pára-quedas são aqueles que apresentam à modificação mais eficaz a disseminação pelo vento. Qualquer semente pequena com uma membrana estendida possui uma grande superfície com relação a sua massa e é arrastada facilmente pelo vento, mesmo por uma leve brisa. Os frutos plumosos possuem uma larga pluma ramificada, sendo comum no gênero Clematis.

Figura 4 – Sementes adaptadas para disseminação pelo vento (Fotos: Rizzardi, M.A.)

Algumas espécies, como Amaranthus graecizans e Salsola kali, estão adaptadas a um modo especial para dispersão de suas sementes pelo vento. Trata-se de plantas bastante ramificadas de contorno arredondado que, quando maturam, rompem-se na base; então as plantas inteiras rolam sobre o solo, arrastadas pelo vento, espalhando as sementes à medida que avançam. Em outros casos, a inflorescência madura se rompe e é igualmente arrastada pelo vento, como ocorre, por exemplo, em Panicum capillare.

Figura 5 - Disseminação de Kochia scoparia nos Estados Unidos (Foto -  Rizzardi, M.A.)
 

A água transporta muitas classes de sementes, inclusive quando estas não possuem modificações especiais para este meio de transporte. As sementes podem ser carregadas pela água em escorrimento superficial, correntes naturais, nos canais de irrigação e drenagem e nas inundações.

Existem diversas adaptações que favorecem a dispersão das sementes pela água. As ciperáceas possuem fruto com uma envoltura membranosa que contém ar; outros frutos possuem pequena densidade, favorecendo a sua flutuação na água; outros ainda são providos de granulações calosas que são protuberâncias suberosas.

Os animais, tanto selvagens quanto domésticos, contribuem para a dispersão das ervas daninhas. Os frutos carnosos, por exemplo, são muito apetitosos pelas aves, o que favorece sua disseminação. Sementes com modificações especializadas como barbas ou aristas, espinhos e ganchos, se aderem ao pêlo ou lã dos animais, sendo posteriormente disseminadas ao longo do caminho percorrido pelo animal. Sementes de bermuda (Cynodon dactylon), por exemplo, alojam-se apenas temporariamente nos pêlos e patas dos animais; Xanthium spp. e Bidens ssp. Possuem modificações em forma de ganchos, Desmodium spp. Possuem pelos que favorecem a disseminação pelos animais.

As plantas que apresentam deiscência explosiva possuem os frutos com estruturas adaptadas à expulsão da semente, como ocorre em Oxalis spp.  


 

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