A cobertura dos alvos de uma aplicação pode ser definida, genericamente, pela fórmula de Courshee (1967):
VRK2
C=15 _______
AD
Onde:
V = volume de calda;
R = taxa de recuperação da calda nas folhas;
K = fator de espalhamento de gotas;
A = área foliar; e
D = diâmetro das gotas.
Assim, em termos globais, para melhorar a cobertura de uma aplicação deve-se adotar gotas mais finas e volumes maiores (Figura 1). Na aplicação de volumes mais baixos, as gotas mais finas devem ser preferidas, para que se consiga uma boa cobertura com a calda pulverizada (Figura 2A). Se a escolha recair sobre as gotas maiores o volume de calda deve ser proporcionalmente aumentado para que se possa garantir um nível mínimo de cobertura para o tratamento (Figura 2B). Por estes motivos, um dos princípios básicos da tecnologia de aplicação é que não existe uma solução única que atenda todas as necessidades. É necessário, primordialmente, que a tecnologia seja ajustada para cada condição de aplicação.
Para que se faça o ajuste do tamanho das gotas e do volume de calda de acordo com a cobertura desejada, várias ações podem ser planejadas dentro do manejo dos parâmetros de uma aplicação. Para reduzir o tamanho das gotas, as pontas de jato plano (leque) podem ser substituídas pelas pontas de jato plano duplo (duplo leque) ou jato cônico vazio; a pressão de trabalho das pontas pode ser aumentada e um adjuvante surfactante pode ser adicionado à calda. Para aumentar o tamanho das gotas, as pontas de jato plano (leque) podem ser substituídas pelas pontas de jato plano com pré-orifício ou indução de ar; a pressão de trabalho pode ser reduzida e um adjuvante pode ser adicionado à calda (produtos cuja ação produza gotas de maior tamanho). No caso do volume de calda, sua variação pode ser feita tanto pela troca das pontas quanto pela variação da velocidade de deslocamento do pulverizador.
De maneira geral, os produtos com maior ação sistêmica, quando direcionados ao solo ou às folhas, podem ser aplicados com gotas maiores. Isto facilita a adoção de técnicas para a redução de deriva, melhorando a segurança ambiental da aplicação e aumentando a eficiência operacional das mesmas. Se usadas de maneira correta, gotas maiores geralmente oferecem bom nível de depósito (quantidade de defensivo agrícola depositado nos alvos), apesar de não proporcionar as melhores condições de cobertura das folhas das culturas. Para os produtos de contato ou de menor ação sistêmica, o uso de gotas menores e/ou maior volume de calda é necessário, devido à maior dependência desta técnica com relação à cobertura dos alvos. Por exemplo, se o alvo da aplicação inclui a parte interna ou inferior do dossel das plantas, como no caso típico de uma aplicação preventiva de um defensivo agrícola em uma situação de grande enfolhamento, é necessária uma boa penetração das gotas e, para tanto, devem ser usadas gotas finas ou muito finas.
O movimento das gotas, em meio às folhas de uma planta, define a maior ou menor chance de deposição nas faces inferior ou superior de uma folha. Segundo Matthews et al. (2014), quando se necessita de cobertura na face inferior das folhas (o que é naturalmente mais difícil) é necessário que haja movimento ascendente das gotas no dossel das plantas, processo que é obtido com maior facilidade quando são aplicadas gotas mais finas. Dessa maneira, mais gotas serão coletadas na face inferior das folhas se houver uma condição de turbulência, situação em que as gotas mais finas terão mais facilidade de apresentar mudança de trajeto (mudar do movimento natural descendente das gotas para um movimento ascendente, causado pela turbulência).
O estudo das características dos alvos deve ainda incluir a análise de outros fatores, como movimentação das folhas, estágio de desenvolvimento das plantas, cerosidade, pilosidade, rugosidade, face da folha em que a cobertura é mais importante (superior/inferior) e arquitetura geral da planta. Na diferenciação entre plantas, como alvos de aplicações, a posição e o formato das folhas apresentam importância fundamental. Por exemplo, as folhas das monocotiledôneas são geralmente mais estreitas e se posicionam na vertical, enquanto as folhas das dicotiledôneas são mais largas e permanecem na horizontal. Estes fatores são fundamentais para a definição da retenção das gotas nas folhas e na própria eficiência de penetração/absorção dos defensivos agrícolas nos tecidos vegetais. Por este motivo, em muitos casos, a tecnologia de aplicação mais adequada para uma determinada cultura pode não ser a mesma para outra, e vice-versa.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MATTHEWS, G.A.; BATEMAN, R.; MILLER, P. Formulation of pesticides. In: Pesticide application methods. 4.ed. Oxford: John Wiley & Sons, 2014. p. 63-89.O UP-Herb – Academia das plantas daninhas disponibilizará:
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