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Opinião

13/04/2022

Chegou o momento de “fabricar” o herbicida

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

Se a máxima de que “o melhor herbicida é a palha” é verdadeira, então chegou a hora de fabricarmos o herbicida, principalmente em um cenário de aumento no banco de sementes de diferentes espécies daninhas ou mesmo de escassez e de elevado custo dos herbicidas.

Em períodos de restrição de estratégias químicas, a busca de práticas culturais que auxiliem na diminuição da dependência do controle químico aumenta e desperta interesse, tanto dos engenheiros agrônomos quanto de parte dos produtores. Nesse aspecto, a produção de palha na lavoura é prática fundamental, e que tem reflexos na infestação de plantas daninhas, tanto a curto quanto a longo prazo.

Aqueles produtores que incluem no seu sistema de produção culturas de outono, como Milheto; Sorgo; Trigo-mourisco ou mesmo Nabo-forrageiro, já largam na frente na “produção” do herbicida. A semeadura dessas culturas intercalares, antes do estabelecimento das culturas de inverno, gera quantidades elevadas de palha já no outono, o que afetará negativamente os primeiros fluxos de emergência das plantas daninhas, como por exemplo da Buva.

Essas culturas de cobertura, semeadas no outono, terão um período curto de desenvolvimento pois, em sua maioria, são sensíveis às baixas temperaturas ou mesmo à ocorrência de geadas. Contudo o período de dois a três meses de desenvolvimento é suficiente para produzir palha com diferentes características químicas e de distintas relações de Carbono:Nitrogênio, o que auxilia na supressão das plantas daninhas.

Entre os benefícios do uso de culturas intercalares está a semeadura das culturas de inverno, como o Trigo, na ausência de plantas daninhas, ou mesmo o estabelecimento das culturas de cobertura de inverno em épocas mais adequadas para a sua semeadura.

A “fábrica” de herbicidas com culturas de cobertura de inverno inclui o uso isolado, principalmente de espécies gramíneas como as Aveias e o Centeio. Porém, se objetivarmos aumentar a quantidade e a qualidade do “herbicida” produzido, a alternativa passa necessariamente pelo uso de misturas de espécies vegetais que incluam duas a três espécies, entre as quais destacam-se a Aveia-Branca; Aveia-Preta; Aveia-Ucraniana; Centeio e Ervilhaca.

Cada uma dessas coberturas vegetais possui características que auxiliam no manejo das plantas daninhas, tanto por suas características de ciclo e produção de biomassa, quanto pela capacidade de liberação de exsudatos da palha ou mesmo da raiz, que podem gerar o efeito alelopático e diminuir o fluxo de emergência ou mesmo o crescimento e o desenvolvimento das plantas daninha.

A semeadura das culturas de cobertura, tanto no outono quanto no inverno, deve considerar além dos aspectos de adaptação e indicação regional, o uso das boas práticas para a sua instalação e condução. Cuidados como semear essas coberturas em áreas com ausência de plantas daninhas já estabelecidas é fundamental para o sucesso dessa prática. Outro ponto a ser considerado é a necessidade de possíveis controles de doenças e, principalmente, de pragas associadas ao seu cultivo.

O manejo adequado dessas culturas inclui a semeadura uniforme e em quantidade de sementes suficiente que permita a rápida cobertura do solo diminuindo, por consequência, a incidência de luz que poderia favorecer a germinação das espécies daninhas fotoblásticas positivas.

Além disso devem ser tomadas precauções quanto ao momento de se realizar a eliminação dessas coberturas (dessecação). Para qualquer das espécies que serão estabelecidas a sua eliminação deve ser realizada antes de que a cobertura entre em sua fase de formação de sementes. Se isso não for considerado o agricultor poderá introduzir um novo problema na sua lavoura, diga-se de passagem, que é o que estamos vivenciando naquelas áreas onde o Centeio foi dessecado com sementes já formadas. Essas sementes formadas ficam no solo, e no ano seguinte, tornam-se plantas competidoras com o Trigo semeado na área.

Também o intervalo entre a dessecação e a semeadura da cultura de verão deve ser considerado. Dessecações muito antecipadas podem favorecer novos fluxos de emergência de plantas daninhas, assim como dessecações muito próximas à semeadura, com pouco intervalo, podem dificultar o estabelecimento das culturas de verão. Ou seja, o momento de dessecação deve levar em consideração as características como velocidade de decomposição da palha; a existência de possíveis efeitos alelopáticos; as limitações de residual e fitotoxicidade dos herbicidas e as limitações associadas à plantabilidade da cultura.

Informações sobre cada uma das alternativas de coberturas disponíveis podem ser obtidas no link https://upherb.com.br/int/plantas-de-cobertura
 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 
 

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