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Opinião

05/04/2021

A importância do Trigo no manejo de plantas daninhas no sistema

Eng. –Agr.; Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

As culturas de inverno desempenham papel relevante no cenário da agricultura do Sul do Brasil. O desenvolvimento e a tecnificação da agricultura ocorreram a partir das lavouras de Trigo e da presença dos moinhos coloniais e das cooperativas tritícolas.

Atualmente a área cultivada de Trigo é muito inferior a área potencial. Entre os fatores que influenciam nessa diferença encontram-se: crescimento do milho segunda safra no Paraná; elevado risco climático no Rio Grande do Sul; instabilidade dos preços e da rentabilidade ao produtor, entre outros.

Na safra 2020 as elevadas produtividades associadas ao preço favorável do produto proporcionaram retornos financeiros positivos ao produtor, o que está levando a uma expectativa de aumento na área cultivada na safra 2021.

0 aumento na área cultivada poderá auxiliar no manejo de plantas daninhas, em especial a Buva. Para essa espécie daninha, as elevadas infestações ocorridas na cultura da soja deverão ser bem controladas no inverno para não causarem mais prejuízos nas safras futuras.

O planejamento e o uso de diferentes culturas são estratégias inteligentes pois além de diluir o custo de produção, permitem que sejam utilizadas diferentes estratégias de manejo das plantas daninhas, com distintos herbicidas, mecanismos de ação e épocas de controle. O uso de culturas diferentes significa a quebra da associação com as espécies daninhas. Nesse aspecto o Trigo pode interromper o ciclo de espécies como Buva, Azevém e gramíneas perenes como Capim-Amargoso e Capim- Rabo-de-Burro.

Na região sul do Brasil, a Buva tem no inverno o seu maior fluxo de emergência. Sendo assim, uma das formas de diminuir esse fluxo é o uso de culturas como o Trigo, que cobrem rapidamente o solo e deixam elevadas quantidades de resíduos que protegem o solo e diminuem a incidência de luz para o estímulo da emergência de espécies fotoblásticas positivas, como a Buva. Além disso, como o Trigo é semeado nos meses de Maio/Junho, o intervalo entre a colheita da soja e a semeadura do Trigo possibilita ao produtor eliminar as plantas de Buva que rebrotarão após a colheita da soja, além de permitir o estabelecimento de uma cultura de cobertura, de ciclo curto, entre as duas culturas.

O planejamento de um sistema de culturas que inclua o Trigo permite a redução da presença de Azevém na área ao longo do tempo pela diminuição do reabastecimento de sementes ao solo. Resultados de pesquisas indicam que a viabilidade das sementes de Azevém no solo pode ser reduzida em cerca de 90 a 95% num período de dois anos. Ou seja, se o sistema de culturas utilizado reduzir a possibilidade de produção de sementes, em poucos anos será possível diminuir a infestação do Azevém nas lavouras do sul do Brasil. Mas para isso duas culturas são fundamentais no sistema: o Trigo e o Milho.

Espécies daninhas perenes, como Capim-Amargoso e Capim-Rabo-de-Burro, também são afetadas negativamente pelo uso do Trigo no sistema. Essas espécies daninhas emergem dentro da cultura da Soja, e se não controladas, sobrarão na área por ocasião da colheita. Essas plantas cortadas pela colhedora tenderão a rebrotar e a perenizar na área. O intervalo de tempo entre a colheita da Soja e a semeadura do Trigo é tempo mais do que suficiente para que essas plantas rebrotem. Após esse rebrote, é o melhor momento para o uso de estratégias químicas para o controle, pois a parte aérea seca das plantas é retirada com o corte da colhedora e somente haverá a nova folhagem desenvolvida a partir do rebrote. A presença dessas folhas jovens aumenta não só a eficiência dos herbicidas utilizados como também o controle dessas espécies daninhas. Na sequência, o Trigo a ser semeado cobrirá o solo e exercerá efeito supressivo sobre novas infestações.

Por fim, a presença de Trigo no inverno, permite o estabelecimento da Soja em condições mais favoráveis onde as plantas daninhas estarão em menor número e tamanho, o que torna o controle mais fácil e com menor quantidade de herbicidas. Além disso, a presença da palha protegerá o solo e atrasará novos fluxos de emergência de plantas daninhas.
 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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