O milho é uma das principais culturas do Brasil, tendo uma ampla adaptação às diferentes regiões agrícolas do País, tanto norte quanto do Sul. O cultivo do milho “safra” fica mais restrito aos estados do Sul do Brasil, em área aproximada de 5,5 milhões de hectares. Já, o cultivo de “safrinha” ou “segunda safra” perfaz uma área de pouco mais de 11 milhões de hectares, sendo localizada em parte do Sul; Sudeste: Centro-Oeste e Norte do Brasil.
Em cada uma dessas regiões de cultivo do milho observa-se uma dinâmica distinta no que se refere às espécies e ao manejo de plantas daninhas. Nas áreas de milho “safra” predominam problemas de manejo do Azevém resistente ao glifosato; já, em áreas de milho “safrinha” se destaca o Amargoso e a Buva como problemas. É importante lembrar, que a estratégia de manejo usada nestes sistemas impactará na maior ou menor dificuldade no controle das plantas daninhas na cultura em sucessão, no caso a soja.
Sempre é bom relembrar que a principal estratégia de manejo de plantas daninhas é a diversidade que impomos ao sistema produtivo. Essa diversidade pode ser química, pelo uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, ou cultural, pela rotação de estratégias de manejo e pela adoção da rotação de culturas.
Neste aspecto, o milho destaca-se como uma excelente oportunidade de manejo daquelas espécies de difícil controle, pois permite quebrar a associação plantas daninhas-cultura, pelo uso de herbicidas com mecanismos diferentes daqueles que podem ser utilizados na soja.
O melhor exemplo da importância do milho no manejo de plantas daninha é o caso da Buva, no oeste do Paraná. Nesta região em especial, o manejo de plantas daninhas para o milho se inicia na dessecação de pré-colheita da soja, comumente com paraquate. Posteriormente, na pós-emergência milho, é realizada a aplicação de atrazina, normalmente em doses necessárias para somente o controle das plantas voluntárias de milho. Porém, comumente essas doses são baixas para o controle de Buva.
A consequência é o aumento na presença dessa espécie durante o ciclo da cultura do milho. Além disso, após a colheita do milho as plantas se encontrarão mais desenvolvidas, fora dos estádios ideais para o uso dos herbicidas, o que dificultará o seu controle. Todo esse manejo inadequado acabou por impactar negativamente no manejo dessa espécie daninha na soja.
Entre as alternativas para o controle de Buva na cultura do milho encontram-se herbicidas inibidores do fotossistema II (atrazina) e herbicidas inibidores de carotenos (mesotriona e tembotriona). Esses mecanismos, por serem pouco usados na cultura da soja, devem ser utilizados na cultura do milho; porém, em doses indicadas para o controle de plantas de Buva e, acima de tudo, que permitam a redução no banco de sementes da espécie daninha.
Além do manejo de Buva, o milho também é importante naquelas áreas com presença de Amargoso. Num primeiro momento, o cultivo de milho pode dificultar o controle de plantas de Amargoso que sobram da soja e rebrotam posteriormente no milho. Porém, o uso de herbicidas pré-emergentes ou de pós-emergentes no milho permite o controle dos novos fluxos de emergência dessa espécie daninha. O controle eficiente de Amargoso no milho significará menor ocorrência da espécie na cultura da soja.
Ainda é importante lembrar que, no caso de milho “safrinha” existe a possibilidade do uso do consórcio de milho com braquiária (Urochloa ruziziensis). Essa prática é extremamente eficiente na diminuição no fluxo de emergência das sementes de Buva e na supressão no desenvolvimento de plantas de Amargoso.
Em suma o uso do milho no sistema auxilia no manejo de plantas daninhas por:
- implantar um ambiente de diversidade de culturas;
- agregar grande quantidade de palha no sistema;
- permitir a consorciação com culturas de cobertura;
- disponibilizar diferentes oportunidades de manejo; e
- possibilitar a rotação/alternância de herbicidas com mecanismos de ação
diferentes daqueles usados na cultura da soja.
O UP-Herb – Academia das plantas daninhas disponibilizará:
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