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Pesquisa

Manejo Químico

2,4-D em trigo

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

O herbicida 2,4-D obteve seu primeiro registro no Canadá em 1946 e nos Estados Unidos em 1947. Atualmente, o herbicida 2,4-D está registrado em vários países e pode para ser utilizado em diversos cultivos, como por exemplo nas culturas de milho, arroz, trigo, soja, cana-de-açúcar, sorgo, pastagens, entre outras.

Herbicidas à base de 2,4-D são classificados no Grupo 4 (WSSA) e no Grupo O, mecanismo de ação dos Mimetizadores de Auxina, também denominado de Auxinas Sintéticas, Grupo Químico dos ácidos fenoxicarboxilicos (Figura 1).


Figura 1 – Estrutura molecular do herbicida 2,4-D, caracterizada pela presença da molécula de cloro nas posições 2 e 4 do anel aromático.

O uso de 2,4-D provoca mudanças metabólicas e bioquímicas nas plantas. O mecanismo de ação envolve os sistemas enzimáticos carboximetil celulase e RNA polimerase, que influenciam a plasticidade da membrana celular e o metabolismo de ácidos nucléicos. Altas concentrações desses produtos nas regiões meristemáticas do caule ou da raiz reduzem a síntese de ácidos nucléicos em plantas sensíveis, mas, quando em baixas concentrações, estimulam esses processos, proporcionando intenso crescimento celular. O aumento anormal de DNA, RNA e proteínas resultam em divisão descontrolada das células, o que se evidencia pelo crescimento anormal das plantas sensíveis. O crescimento descontrolado das células provoca epinastia de folhas e caules, além de interrupção do floema, o que impede a translocação dos fotoassimilados.

A seletividade depende de vários fatores, como: arranjo do tecido vascular em feixes dispersos, presença de meristemas intercalares nas gramíneas, metabolização e exudação via sistema radical.

Seu uso agrícola é voltado para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas anuais e perenes em pós-emergência. Herbicida sistêmicos, aplicado na folhagem e translocado às raízes, pelo simplasto e apoplasto.

Na cultura do Trigo as espécies daninhas alvo dos herbicidas à base de 2,4-D estão listadas na Quadro 1.

Quadro 1 – Plantas daninhas controladas com o herbicida 2,4-D na cultura do Trigo

*Produto comercial = DMA® 806 BR

O momento de aplicação do herbicida é um dos principais cuidados a ser tomado quando do uso de 2,4-D em Trigo.

Os melhores níveis de controle são obtidos quando aplicado nas plantas daninhas em estádios iniciais de desenvolvimento (até 4 folhas, pares de folhas ou trifólios). Em relação a cultura do Trigo sua indicação é para uso no período de pleno perfilhamento, anteriormente ao início da diferenciação floral.

O trigo é mais tolerante a esses produtos quando se encontra entre o estádio do afilhamento e o início da elongação do colmo. As dificuldades de identificação do momento de maior tolerância em aplicações de herbicidas hormonais têm provocado fitotoxicidade à cultura. Aplicações muito precoces podem causar deformações morfológicas (espigas defeituosas, folhas enroladas, estatura reduzida das plantas) não necessariamente associadas com redução no rendimento de grãos.

A aplicação de 2,4-D pode reduzir o rendimento de grãos pela interferência nos primórdios de espiguetas, localizadas no ápice de crescimento (geralmente denominado “ponto de crescimento”). Um dos sintomas mais típicos de fitotoxicidade é a retenção das espigas no colmo após a elongação, que permanecem tortas, com o ápice preso ao colmo pelas aristas (Figura 2). As aplicações de herbicidas hormonais em fases tardias (após o início do alongamento) causam redução no rendimento de grãos devido à interferência na fase de esporogênese.


Figura 2 – Sintomas do uso de 2,4-D fora do estádio de desenvolvimento indicado para uso no Trigo (Imagens: Giliardi Dalazen)

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